Apesar da aridez, a fruta traz polpa, espinhos e amêndoa

15/09/24

Ela te produzirá espinhos e abrolhos, e comerás a erva do campo.Gênesis 3:18

Olá, amigo.

Hoje, não envio esta carta com endereço ou código postal, pois não quero causar qualquer incômodo. Por isso, escrevo em inglês, mesmo sabendo que não é sua língua materna.

Esta é uma mensagem de caráter pessoal.

Já conversei contigo nos textos lá atrás.

Você é um líder forte, alguém disposto, se necessário, a sacrificar-se pelos seus.

Você os protege e trouxe prosperidade para o seu povo.

Quando algo dá errado, a culpa o consome, e você passa dias refletindo sobre como poderia ter evitado o ocorrido.

Então, fez uma promessa a si mesmo: Vou fortificar toda a região.

Construirei colunas e sistemas de defesa gigantescos, com uma inteligência superior à que já possuímos.

Sei que suas botas estão prontas para seguir em frente.

Mesmo no silêncio, continuarão agindo.

A estratégia muda, e com ela, tudo se transforma.

Quando eles estiverem dormindo, tranquilos em suas camas, estará você batendo na porta.

Meu caro, percebeu que outros líderes se juntaram ao seu lado?

Eles conversam e pedem que você aja com cautela.

Sabe, amigo, assim como eu, você nasceu em uma fração de tempo onde a história já estava em curso.

Acredita que pode resolver anos de história em apenas alguns quadros?

Como se toda a complexidade do passado pudesse caber em algumas cenas.

Eu sei que parece uma frase desconexa, mas a antiga história já existia quando você foi colocado no meio dela, em pleno progresso.

É como se dividíssemos esse filme em várias fatias, e você tivesse nascido bem no meio,  um pequeno quadro.

Sei que você ainda irá longe, seja de forma direta ou indireta, guiando o seu povo.

Você é forte, corajoso e leal aos seus.

Se prestar atenção nos antigos textos, verá uma frase estampada: 'Ele prosseguirá'.

Sabemos que com eles não há negociação. Parecem seduzir ao diálogo, mas sempre com a intenção de preparar uma emboscada.

Eles buscam reacender o ódio entre os que lideram, pessoas carentes de análise crítica.

Eliminam os seus sem hesitação, usando-os como munição humana.

É o culto ao martírio, a cultura do sacrifício humano jogada ao deserto.

Transformam a vida dos habitantes em miséria, como frutos abandonados ao chão.

Fico perplexo ao ver como o governo de homens desorientados da realidade pode condenar todo um povo.

E as multidões, incapazes de perceber, seguem cegamente.

Usam a velha palavra 'resistência' como a porta de um paraíso miserável.

Alguns enxergam apenas um pequeno quadro da história e rapidamente abraçam a tese do sacrifício.

Vamos olhar para o versículo acima, que fala sobre espinhos e abrolhos.

Sei que você me entende.

Há uma regra universal que recai sobre todos nós, como uma lei imutável do universo: o árduo trabalho sempre encontrará pelo caminho espinhos e abrolhos, tornando a existência humana mais difícil e menos harmoniosa.

Essa é uma transformação profunda na vida física, onde as condições da vida na terra passaram a incluir luta e sofrimento.

Saiba que o seu plano é de longo prazo.

Ele envolve uma nova estrutura, algo que vai além do seu governo, onde o ensino e a seletividade serão naturalmente integrados.

Seu coração acredita que nunca é o suficiente.

Será mesmo, caro amigo?

No cerrado brasileiro, há uma fruta que aprendi a gostar, chamada pequi.

Nunca procurei saber sua origem no Google, pois meu coração ficaria abatido se descobrisse que ela não pertence à região.

O pequi é amplamente utilizado na culinária, e abaixo deixei uma foto.

Ela tem uma polpa abundante, com um aroma muito característico.

No entanto, no centro, esconde vários espinhos – às vezes tão finos e pequenos que é difícil percebê-los na boca de quem não está preparado.

Se alguém, encantado pelo aroma e pela presença imponente da fruta, tentar roê-la sem cuidado, logo encontrará, escondidos sob a camada mais interna, inúmeros espinhos.

Para extrair a polpa do pequi, use uma colher e raspe levemente a superfície do fruto, com cuidado para aproveitar ao máximo a polpa.

Não pare por aqui; pode parecer uma questão de gastronomia de sobrevivência.

Ao redor da fruta, que agora se assemelha a um arame farpado culinário, encontra-se uma preciosa amêndoa.

Deixe-a secar ao sol, onde os espinhos perdem sua agressividade, e depois corte-a.

Como numa luta pela honra, arranque a amêndoa tão esperada.

Parabéns, conseguimos nos alimentar de forma majestosa.

Vamos desprezar o fruto pelo seu cheiro?

Ou será por estar em um lugar negligenciado, como o deserto ou o cerrado?

Ou ainda porque dá muito trabalho para extrair algo de proveito?

Exige ensino.

Exige observação 

Exige cuidado

Exige sacrifício. 

Se morder o fruto com pressa, você pode se machucar.

Ele libera espinhos tão pequenos que se tornam invisíveis aos olhos, e será difícil até para um médico ajudar; você terá que esperar o corpo se recuperar.

Caro amigo, tanto no deserto quanto no cerrado, onde o fruto se adapta à aridez e desenvolve espinhos, é necessário ter a habilidade de entrar no meio da história e extrair o melhor daquela fruta que, para muitos, já parece condenada. As frutas estão espalhadas pelo deserto, cobertas de poeira.

Sei que você entende que, para extrair a polpa como se fosse uma erva, não se deve condenar o fruto por inteiro.

Repare que a polpa, a amêndoa e os espinhos estão todos no mesmo fruto; é preciso destreza para lidar.

Continuo orando para que tudo termine bem.

E eu, como fico?

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Despite the arid land, the fruit offers pulp, thorns, and a seed.

15/09/2024

"It will produce thorns and thistles for you, and you will eat the plants of the field." Genesis 3:18

Hello, my friend.Today,

I am not sending this letter with an address or postcode, as I do not wish to cause any inconvenience. That’s why I’m writing in English, even though it’s not your native language.

This is a message of a personal nature.

I have spoken with you in earlier writings.You are a strong leader, someone willing, if necessary, to sacrifice yourself for your people.

You protect them and have brought prosperity to your people.When something goes wrong, guilt consumes you, and you spend days reflecting on how you could have prevented it.

Then, you made a promise to yourself: I will fortify the entire region. I will build columns and enormous defence systems, with intelligence superior to what we already possess.I know your boots are ready to keep moving forward.

Even in silence, you will continue to act.

The strategy changes, and with it, everything transforms.While they sleep soundly in their beds, you will be the one knocking at the door.

My dear friend, have you noticed that other leaders have joined your side?

They converse with you and urge caution.You know, friend, like me, you were born into a fraction of time where history was already unfolding.

Do you think you can resolve years of history in just a few frames?As though the entire complexity of the past could fit into a few scenes.

I know it may sound like a disconnected thought, but ancient history was already in motion when you were placed in the middle of it.It’s as if we divided this film into many slices, and you were born right in the midst of a small frame.

I know you will go far, whether directly or indirectly, leading your people.

You are strong, courageous, and loyal to your people.If you pay attention to the old texts, you will see the phrase inscribed: 'He will carry on.'We know that with them, there is no negotiation.

They seem to entice you into dialogue, but always with the intent of setting a trap.

They seek to reignite hatred among those they lead, people who lack critical thinking.

They eliminate their own without hesitation, using them as human ammunition.It is the cult of martyrdom, the culture of human sacrifice cast into the desert.

They turn the lives of the inhabitants into misery, like abandoned fruits on the ground.

I am perplexed at how a government of men detached from reality can condemn an entire people.And the crowds, incapable of perceiving, follow blindly.

They use the old word 'resistance' as the gateway to a miserable paradise.

Some look at only a small part of history and quickly embrace the thesis of sacrifice.

Let us look at the verse above, which speaks of thorns and thistles.I know you understand me.There is a universal rule that applies to us all, like an immutable law of the universe: hard work will always encounter thorns and thistles along the way, making human existence more difficult and less harmonious.

This is a profound transformation of physical life, where the conditions of earthly life now include struggle and suffering.

Know that your plan is a long one. It involves a new structure, something that goes beyond your government, where education and selectiveness will be naturally integrated.

Your heart believes it is never enough. Is it really, my dear friend?In the Brazilian cerrado, there is a fruit I’ve learned to enjoy, called pequi.

I never looked up its origin on Google, for my heart would sink if I discovered it does not belong to the region.

Pequi is widely used in cooking, and I have included a photo below.It has abundant pulp with a very distinctive aroma, but at its core, it hides numerous thorns – sometimes so fine and small that they are hard to notice in the mouth of the unsuspecting.

If someone, enchanted by its fragrance and imposing presence, tries to gnaw at it carelessly, they will soon find, hidden beneath its innermost layer, countless thorns.

To extract the pequi’s pulp, use a spoon and gently scrape the surface of the fruit, carefully to get the most out of the pulp.

Do not stop here; it may seem like a matter of survival gastronomy.Around this fruit, which now resembles culinary barbed wire, lies a precious seed. Leave it to dry in the sun, where the thorns lose their sharpness, and then cut it open.Like in a fight for honour, extract the long-awaited seed.

Congratulations, we have managed to feed ourselves in a majestic way.Shall we despise the fruit for its scent?

Or is it because it is found in a neglected place, like the desert or the cerrado?

Or perhaps because it takes great effort to extract something worthwhile?It requires teaching.

It requires observation.It requires care.It requires sacrifice.

If you bite the fruit in haste, you may hurt yourself.

It releases thorns so small they become invisible to the eye, and even a doctor may find it hard to help; you’ll have to wait for your body to reject them.

My dear friend, whether in the desert or the cerrado, where the fruit adapts to the aridness and develops thorns, one must have the skill to step into the midst of the story and extract the best from a fruit that, to many, seems already condemned.

The fruits are scattered across the desert, covered in dust.I know you understand that, to extract the pulp as you would a herb, you must not condemn the entire fruit.

Note that the pulp, the seed, and the thorns are all part of the same fruit; it requires dexterity to handle.

I continue praying that everything will end well.